Os Centros Interescolares de 2º Grau

Os Centros Interescolares de 2º Grau

A falta de garantia quanto a possibilidade de oferta de uma formação profissionalizante de qualidade em todos os estabelecimentos de ensino, conforme previsto na Lei Nº 5.692/71, pode ser observada no artigo 3º da própria lei, que previu colaboração na oferta de ensino entre unidades menores e as unidades maiores com a denominação de intercomplementaridade de ensino. Ou seja, normalmente a formação técnica, por exigir equipamentos e laboratórios mais sofisticados poderia ocorrer em outros estabelecimentos de ensino e para isto foram idealizados os centros interescolares visando o atendimento a vários estabelecimentos escolares no ensino de disciplinas técnicas ou áreas comuns aos cursos oferecidos.

Também no contexto da Lei 5.692/71, ocorreu a criação do PREMEN (Programa de Expansão e Melhoria do Ensino), através do Decreto Nº 70.067, de 26 de Janeiro de 1972, com “[…] o objetivo principal de aperfeiçoar o sistema de ensino de primeiro e segundo graus no Brasil […]”(BRASIL, 1972), conforme explicitado em seu Art.1º. Segundo Sousa (2009), porém, a justificativa para a implantação do PREMEN deu-se pela dificuldade de implantação da Lei Nº 5.692/71, e apontou fatores como dificuldades financeiras, falta de profissionais habilitados para atender aos diferentes cursos, além da falta de aceitação deste modelo por parcela da população, para a qual não interessava a formação técnica naquele nível de ensino.

A criação e construção dos Centros Interescolares de 2º Grau – CIS, constam no rol das ações do PREMEN e tinham em tese a função de formar e qualificar minimamente a mão de obra que o padrão de desenvolvimento industrial exigia na época, “oferecer aulas práticas de laboratório, oficinas e corpo docente qualificado […]” (LIMA, 2002, p. 15).

Porém, segundo Souza (2018), os centros interescolares foram criados como alternativa para a desoneração na oferta dos cursos profissionalizantes, caso ocorresse a implantação dos laboratórios necessários nas escolas já existentes, visando cumprir a oferta das formações técnicas previstas. Deste modo, um único espaço reunia diferentes escolas para a oferta das disciplinas profissionalizantes previstas “(…) garantindo, pelo menos no discurso, que todos os (as) alunos (as) cursassem uma habilitação profissional exigida pela reforma educacional” (SOUZA, 2018, p. 101).

A seguir, é possível visualizar o processo de autorização de funcionamento ,dos Centros Interescolares de Blumenau, Lages, Joinville e Criciúma, todos em Santa Catarina. O documento traz detalhes do projeto, custos, capacidade de atendimento, cursos e do funcionamento através do modelo de intercomplementaridade.

REFERÊNCIAS: 

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 5.692 de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de primeiro e segundo graus, e dá outras providências. Diário Oficial da União – Seção 1 – 12/8/1971, Página 6377 (Publicação Original). Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso 03 abr. 2020 

Brasil. Poder Executivo. Decreto nº 70.067, de 26 de Janeiro de 1972. Dispõe sobre o programa de Expansão e Melhoria do Ensino e dá outras providências. Brasília, D.F. Brasil. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-70067-26-janeiro-1972-418584-norma-pe.html . Acesso 03 abr. 2020. 

LIMA, Stelita Policastro de. Ensino Profissionalizante Frente às Mudanças nas Legislações e Tecnologias Educacionais: o caso do CEDUP de Lages (SC).Dissertação (Mestrado em Ciências Políticas) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/82726/193589.pdf;jsessionid=1C044289EFE8381E67213FBDFAE439F6?sequence=1 Acesso em: 09 out. 2019. 

SOUSA, Benedita Severiana de. As Escolas do Programa de Expansão e Melhoria do Ensino (PREMEN) em Teresina (1982 a 2000). Dissertação (Mestrado em Educação) – UFPI, Teresina, 2009. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp130341.pdf.  Acesso 31 mar. 2019. 

SOUZA, Nadjalena de A. De Centro Interescolar de Segundo Grau a Escola Técnica Estadual do Maranhão Dr. João Bacelar Portela: história e memória de uma instituição escolar (1980 – 1996). Dissertação de Mestrado – PUS-SP. São Paulo. 2018. Disponível em https://teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06072018-110649/publico/NADJELENA_DE_ARAUJO_SOUZA_rev.pdf . Acesso em 20 jan. 2020. 

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