CULTURA ESCOLAR

Segundo Viñao Frago, “a cultura escolar é toda a vida escolar: fatos e ideias, mentes e corpos, objetos e comportamentos, maneiras de pensar, dizer e fazer” (FRAGO, 1995, p. 69). 

As relações que as pessoas que compõem o cotidiano escolar, estabelecem entre si, com a comunidade, com os superiores e até mesmo o modo como se apropriam e praticam aquilo que é previsto em normativas e legislações, acabam constituindo organizações únicas para cada escola existente.  

O estudo desses elementos característicos de uma escola, permitem revelar a cultura escolar de um determinado período, sua evolução ao longo dos anos e até práticas que se solidificaram com o passar dos anos. 

Para Viñao Frago, existem práticas estabelecidas nas escolas que dificilmente são questionadas e que as legislações não conseguem modificar: 

 Uma maneira de fazer e pensar – comportamentos e mentalidades – transmitida de geração em geração pelos professores, aprendida através da experiência docente , que constituem as regras do jogo e os pressupostos compartilhados, não questionados, que permitem aos professores organizar a atividade acadêmica, lideram a classe e, dada a sucessão de reformas ininterruptas que surgem do poder político e administrativo, adaptam-nas, transformando-as, às demandas que surgem de tais “gramáticas” e pressões externas (FRAGO,2007,p.2). 

Deste modo, pode-se identificar nessas práticas solidificadas, que o autor denomina de “gramáticas”, um aspecto de reprodução, não no sentido de replicar normas externas, mas de reproduzir sem questionamento às práticas internas, mesmo diante de propostas superiores desejando mudanças. Este conceito de Viñao Frago, sobre como se constitui a cultura escolar de uma determinada escola,  conduziu o estudo de como ocorreu o processo de implantação do CEDUP em Blumenau, pois possibilitou analisar como as práticas da escola foram constituídas considerando as próprias concepções frente às tensões macro e micro e direcionaram o olhar para as relações estabelecidas pela escola, tanto interna, como externamente.  

A pesquisa realizada em notícias de jornais e documentação interna produzida entre os anos de 1979 e 1983, ou seja, nos primeiros anos de funcionamento da escola, revelou inúmeros eventos e maneiras de se relacionar com a comunidade e possibilitou caracterizar a cultura escolar dos primeiros anos de funcionamento do CEDUP, época em que a escola funcionou como um Centro Interescolar de 2º Grau. 

 

 

 

 

 

 

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS. Termo de Abertura, 20 de março de 1979. Imagem obtida no CEDUP pela autora.

REFERÊNCIAS: 

FRAGO, António Viñao. Historia de la educación y historia cultural – Possibilidades, problemas, cuestiones. Revista Brasileira de Educação, nº 0, p. 63 a 82 Set/out/nov, 1995. Disponível em http://anped.tempsite.ws/novo_portal/rbe/rbedigital/RBDE0/RBDE0_06_ANTONIO%20VINAO_FRAGO.pdf   Acesso 04 mai. 2020. 

FRAGO, António Viñao. Culturas Escolares y Reformas (Sobre la naturaleza historica de los sistemas i instituiciones educativas). Revista Teias, v. 1, n. 2, p. 25 pgs., ago. 2007. ISSN 1982-0305. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/view/23855/16828>. Acesso em: 23 out. 2020 

Relações com a Comunidade

Cumprindo seus objetivos e buscando a integração com a comunidade na qual estava inserido, o CIS abriu suas portas para diferentes tipos de eventos promovidos pela escola ou ainda cedendo o espaço da escola para diferentes atividades de interesse comunitário.  

Podemos considerar esses eventos como formas criadas pela escola para buscar visibilidade na cidade de Blumenau. Ao atrair o público para a visitação ou para os diferentes serviços prestados, a escola mantinha contato com diferentes segmentos da sociedade, permitindo que toda a sua estrutura fosse mostrada aos visitantes. 

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS, 14 de março de 1980, p. 14 A. Imagem da autora

Jornal de Santa Catarina, 03 ago. 1979. p. 09, nº 2407. Imagem obtida pela autora, no AHFS. Blumenau, SC.

Jornal de Santa Catarina, 31 out. 1979. p. 09, nº 2483. Imagem obtida pela autora, no AHFS. Blumenau, SC.

Jornal de Santa Catarina, 26 e 27 out. 1980. p. 09, nº 2786. Imagem obtida pela autora, no AHFS. Blumenau, SC.

Jornal de Santa Catarina, 13 de Jun. de 1981, p. 09. Nº 2976. Imagem obtida pela autora no AHJFS.

Jornal de Santa Catarina, 26 de Jun. de 1981, p. 09. Nº 2986. Imagem obtida pela autora no AHJFS.

Jornal de Santa Catarina, 19 de Ago. de 1983, p. 09. Nº 3633. Imagem obtida pela autora no AHJFS.

Jornal de Santa Catarina, 04 de Nov . de 1983, p. 09. Nº 3696. Imagem obtida pela autora no AHJFS.

Jornal de Santa Catarina, 07 de Dez . de 1983, p. 09. Nº 3723. Imagem obtida pela autora no AHJFS

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS, 27 de junho de 1980, p. 18 e 18B. Imagem da autora.

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS, 27 de junho de 1980, p. 18 e 18B. Imagem da autora.

Relações Especiais com a Cia Hering 

Por ter recebido o nome de um dos fundadores da empresa, a escola procurou manter estreita relação com os dirigentes da mesma, promovendo por diversas vezes eventos com a participação dos mesmos. 

A seguir, publicação de 02 de dezembro de 1980, noticiando nova homenagem prestada ao patrono da escola: a inauguração e uma fotografia de Hermann Hering na biblioteca da escola.  

Cerimônia contou com a participação de autoridades locais e membros da família Hering, sendo que na foto exibida pelo jornal, está o Sr. Ingo Hering procedendo a inauguração. 

Após o ato inaugural, a escola promoveu um bingão aberto para a comunidade. 

Jornal de Santa Catarina, 02 dez. 1980. p. 09, nº 2817. Imagem obtida pela autora, no AHFS. Blumenau, SC.

 

Além de citar o equipamento a ser inaugurado como “um dos mais modernos, verdadeira terapia sonora”, o diretor enalteceu a Cia. Hering pela doação dos equipamentos. Também relatou a participação dos alunos do curso Técnico em Eletrônica, na instalação dos equipamentos e homenagem aos familiares do patrono da escola e veículos de comunicação e Blumenau, com recepção a autoridades. 

A Festa Junina

A primeira festa junina do CIS foi realizada objetivando a integração entre os funcionários, sendo que em 1979 ficou restrita a participação dos mesmos e seus familiares.  

Jornal de Santa Catarina, 13 jul. 1979. p. 09, nº 2389. Imagem obtida pela autora, no AHFS. Blumenau, SC.

Em 1980, a festa junina, realizada apenas como um evento interno de integração no 1º ano de funcionamento da escola, foi aberta à comunidade, visando obter fundos em favor da APP (Associação de Pais e Professores) e AARCIS (Associação Atlética e Recreativa CIS).  

As atas internas revelam os preparativos, onde os professores e funcionários organizaram-se no planejamento da festa, com a coleta de donativos e vendas para a festa. 

 

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS, 27 de junho de 1980, p. 18. Imagem da autora.

 

A festa junina de 1981, novamente foi aberta à comunidade e inovou envolvendo várias entidades da escola. Na data também foi eleita a rainha dos estudantes.  

Jornal de Santa Catarina, 18 de Jul. de 1981, p. 09. Nº 3005. Imagem obtida pela autora no AHJFS

Jornal de Santa Catarina, 18 de Jul. de 1981, p. 09. Nº 3005. Imagem obtida pela autora no AHJFS

Em 1982 a festa foi divulgada no Jornal de Santa Catarina ainda no mês de maio, já que naquele ano, contaria com uma rifa de dois automóveis e televisão colorida. Segundo a direção, os lucros da festa seriam revertidos para a manutenção dos laboratórios e construção da quadra de esportes. 

Jornal de Santa Catarina, 18 Mai. 1982, p. 10. Nº 3156. Imagem obtida pela autora no AHJFS.

A festa de 1983 também teve duas chamadas no jornal, divulgando os atrativos da festa, sendo novamente eleita a rainha dos estudantes. 

 

 

 

                                                       

                                                          

Maneiras de Divulgar a Escola 

As atas de reuniões do período estudado revelam, não apenas preocupação com os alunos que já estavam frequentando o CIS, como também com modos para alcançar maior número de alunos na escola, visto que a escola operava com uma quantidade de alunos muito abaixo do esperado originalmente. 

Buscando mobilizar todos os setores da escola para a divulgação do CIS, diversas maneiras foram utilizadas para divulgação, desde eventos, como o 7 de Setembro, propagandas em empresas e divulgação de atividades através da imprensa. 

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS, 29 de junho de 1979, p. 6B. Imagem obtida no CEDUP pela autora.

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS, 10 de julho de 1979, p. 9. Imagem obtida no CEDUP pela autora.

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS, 29 de agosto de 1980, p. 20. Imagem da autora.

Livro de Atas – Reuniões Administrativas do CIS, 29 de agosto de 1980, p. 20. Imagem da autora.

As reuniões realizadas pela direção da escola, com diferentes entidades e segmentos da comunidade tiveram registro em um livro específico, aberto por ocasião do ato inaugural da escola e que posteriormente passou a ser utilizado como livro de visitas.

Livro de visitas CEDUP, 10 de agosto de 19879, p.5 e 5A.

Livro de visitas CEDUP, 17 de agosto de 1979, p. 6.

Livro de visitas CEDUP, 24 de agosto de 1979, p. 6A.

 

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