Linha do Tempo
A Linha do Tempo, apresentada a seguir, traz elementos que permitem acompanhar alguns marcos da oferta da Educação Profissional no Brasil, culminando com a criação do Centro Interescolar Hermann Hering e alguns acontecimentos que marcaram os primeiros anos de funcionamento do Centro Interescolar Hermann Hering.
Dica: Atente-se aos conteúdos adicionais inseridos no decorrer das páginas! Eles trazem complementos importantes para a compreensão de determinados períodos!

Até 1800 - Período Colonial
Até os anos 1800, o Brasil, enquanto colônia portuguesa, organizava-se através de uma economia exclusivamente agrária.
Sua produção era inteiramente voltada aos interesses da metrópole portuguesa e movida pela exploração do trabalho escravo.
Tal situação não demandava uma força de trabalho que justificasse esforços para a criação de instituições dedicadas à instrução da classe trabalhadora.
1808 – Vinda da Família Real Portuguesa
A instalação da Corte Portuguesa no Brasil impulsionou uma série de modernizações no Brasil. Era necessário tornar a colônia um local mais adequado à presença da corte. Entre as ações de D. João VI estão a criação do Colégio das Fábricas e da Escola de Belas Artes. A primeira buscava atender à formação de mão de obra para as manufaturas, que foram autorizadas a funcionar no Brasil e a escola de Belas Artes objetivava articular o ensino das ciências e do desenho para os ofícios mecânicos. O público atendido eram órfãos e desamparados, em uma visão higienizante, que buscava tirar das ruas, não apenas os desamparados, mas também os desocupados.


1858 - Liceu de Artes e Ofícios
Criado no Rio de Janeiro e posteriormente em outras cidades, como Salvador (1872), Recife (1880), São Paulo (1882), Maceió (1884) e Ouro Preto (1886). Tinham o objetivo de atender crianças abandonadas e órfãs, ensinando-lhes um ofício.
1900 a 1930 - Educação Profissional no início da República
Mesmo com o início da República, não houve mudanças no direcionamento dos objetivos da formação educacional no Brasil.
Manteve-se a característica dual, que historicamente separou o ensino destinado às elites, a quem se destinava a formação acadêmica, propedêutica, da formação destinada aos trabalhadores, a quem se considerava suficiente uma formação básica para o exercício de uma profissão.


1909 - Escolas de Aprendizes e Artífices
Em 1909 foram criadas as Escolas de Aprendizes e Artífices pelo Decreto nº 7566, de 23 de dezembro, do Presidente Nilo Peçanha e instaladas em diferentes capitais. Tinham por objetivo o ensino de trabalho manual mecânico atendendo, se possível, às necessidades locais, ainda prevaleceria o direcionamento aos pobres.
1930 - Industrialização e mudança de rumos
A ascensão de Getúlio Vargas ao poder em 1930, abriu espaço para políticas de incentivo a um modelo de industrialização para o Brasil, que foram reforçadas a partir de 1937, com o Estado Novo.
Reformas educacionais foram implantadas para atender às expectativas dessa sociedade industrial, construindo as bases ideológicas que sustentariam as pretendidas industrialização nacional e modernidade.


1940 - Nova etapa para a formação profissional
Entre a série de reformas instituídas na educação nacional neste período, está o Decreto Nº 4.127/42.
Com ele o ensino profissional passou a ser aceito em nível médio com finalidade profissionalizante, pois se apresentava urgência na formação de mão de obra para a indústria.
Mesmo assim, sua conclusão não possibilitava o avanço para o Ensino Superior, pois este acesso era permitido apenas para quem cursava cursos propedêuticos.
1942 - Criação do SENAI
Contando com incentivo de recursos federais, a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, através do decreto-lei Nº 4.048/42, permitiu que o setor privado, formasse a mão de obra que necessitava, de acordo com seus parâmetros, visando atender diretamente às necessidades técnicas do mercado.


1961 - LDB Nº 4.024/61
Com esta Lei de Diretrizes e Bases o ensino profissionalizante foi equiparado ao ensino secundário propedêutico, permitindo inclusive o acesso ao nível superior através dele.
A grande demanda por vagas, porém, provocou grande pressão social ao longo da década de 1960.
1964 a 1985 – Ditadura Civil-Militar
Os anos de 1960 e 1970 foram marcados pelo período militar no Brasil e a oferta de ensino foi claramente alinhada ao pretenso modelo desenvolvimentista estadunidense.
Com a intenção de preparar a população para um novo período de economia emergente, direcionou-se a educação para os princípios da ideologia do capital humano.
Isto significa que, conjuntura dos anos de 1960 a 1980, a educação era vista como uma garantia para se inserir no mercado (FRIGOTTO, 2010).


1971 - Lei Nº 5.692/71
Esta lei alterou a LDB e tornou obrigatório o ensino profissionalizante, com a denominação de 2º Grau. Aparentemente entendida como uma valorização da educação profissional, a lei também serviu para degradá-la e construir uma visão negativa sobre a mesma, devido às condições em que foi implantada.
[…] uma lei criada em apenas 30 dias na tentativa de mudar os rumos da educação. Uma reformulação considerada um grande desafio que resultou num notório fracasso […] (FURLAN, 2013, p.4).
Lei Nº 5692/71 - Criação dos CIS
A falta de garantia para oferta da formação profissionalizante de qualidade em todos os estabelecimentos de ensino, pode ser observada no artigo 3º, da Lei Nº 5.692/71, que previu a intercomplementariedade de ensino.
Tal possibilidade visava formação técnica nos centros interescolares que atenderiam alunos de diferentes escolas, cuidando apenas da formação técnica, que exigia equipamentos e laboratórios mais sofisticados e de alto custo para implantação em todas as unidades de ensino.


Decreto Nº 70.067/72 - Criação do PREMEN
O Programa de Expansão e Melhoria do Ensino foi criado através do Decreto Nº 70.067, de 26/01/1972.
Justificou-se pela dificuldade em implantar as obras previstas na Lei Nº 5.692/71.
Seu principal objetivo era buscar financiamento para as obras previstas.
Assinatura do Convênio para Criação do Centro Interescolar de Blumenau
A criação e implantação do CIS de Blumenau, originou de um convênio entre a Prefeitura de Blumenau, a Secretaria de Estado da Educação e o Ministério da Educação, ratificado na Lei Nº 1968/1973 da Prefeitura de Blumenau, em 10 de Agosto de 1973.
Em 1º de setembro daquele ano, registrou-se a primeira notícia anunciando publicamente a obra.


1975 - Anos de Atraso
Previsto inicialmente para ser entregue em 1975, a obra sofreu inúmeros atrasos.
Até 22 de agosto de 1975, muito pouco do projeto fora executado, conforme pode ser visto na foto publicada na notícia que tratava de visita do prefeito Félix Theiss à obra.
A notícia também informou que a escola objetivava “atender as necessidades de formação de mão de obra para a região” e que seria equipada conforme as necessidades predominantes na região.
Chama atenção a projeção para atendimento de até 4.000 alunos com cursos destinados exclusivamente à formação profissional.
1976 – Julho: É preciso lembrar a que veio?
Apesar das incertezas em torno da obra, em julho de 1976, a construção do CIS foi citada como obra de destaque para o bairro Asilo, na cidade de Blumenau.
A nota fez parte de um encarte especial dentro do Jornal de Santa Catarina, no qual a prefeitura citou obras e ações em todos os bairros.
Além esclarecer os investimentos da municipalidade para realização da obra, cita os cursos que serão oferecidos e o quantitativo de alunos que poderão ser atendidos.


1977 – Dezembro: insatisfações aparentes
Pela primeira vez o Jornal de Santa Catarina contrapõe declarações dadas sobre as datas de inauguração da escola, demonstrando insatisfação com os recorrentes atrasos.
O jornal declara que “a comunidade blumenauense aguarda ansiosa que o Governo Estadual defina a data de inauguração, pois muitos serão os beneficiados…”
Na fotografia exibida na matéria, a obra aparenta estar concluída.
1978 –Estudantes aguardam a obra e viabilidade questionada
Com uma pequena nota e uma fotografia da obra do CIS, o Jornal de Santa Catarina relembrou a importância da obra e a necessidade de sua inauguração, em janeiro de 1978. Em julho, o jornal foi mais enfático e além de cobrar a inauguração da obra, publicou que havia questionamentos sobre a viabilidade da obra na cidade.


1979 – Janeiro: Finalmente!
O título da reportagem que trouxe a notícia da certeza de início das atividades do CIS, terminava com um “(finalmente!)”, expressando a impaciência de quem esperou além do limite por algo.
Com detalhes sobre as condições e local para as matrículas e sobre os cursos oferecidos, a notícia ainda trouxe três fotos do local, sendo duas externas e uma interna. Em uma das fotos nota-se muito mato em torno das edificações, retratando o que afirmou-se ao final da reportagem, de que o local aparentava abandono.
1979 – Março: Inauguração
No dia 09 de março de 1979 foi realizada a inauguração do CIS.
O Jornal de Santa Catarina publicou nota na capa sobre a inauguração, com foto da frente do local.
Internamente o jornal publicou reportagem, com fotos de equipamentos e vista geral da escola e, a partir de fala do diretor da unidade, detalhou os espaços da escola, forma e capacidade de atendimento, objetivos da escola e cursos oferecidos.


Nome para o CIS de Blumenau
Em 23 de abril de 1979, foi realizada solenidade de inauguração da placa que denominou a escola de “Centro Interescolar Hermann Hering”, através da Lei Nº 5515 de 28 de fevereiro de 1979.
O evento contou com membros da família Hering.
Chama a atenção, na notícia publicada no Jornal de Santa Catarina de 24 de abril de 1979, que os discursos das autoridades presentes no ato, promoveram uma exaltação da força de trabalho representada através do nome “Hermann Hering”, transferindo aos estudantes daquele estabelecimento uma espécie de “legado” na continuidade da “obra” iniciada por Hermann.
1980 – 1 ano de Atividades
O Jornal de Santa Catarina, divulgou notícia referente ao aniversário de um ano do CIS.
Além de marcar o 1º ano de funcionamento da escola, a notícia divulgou os atendimentos prestados pela escola, cursos e número de alunos atendidos.
Interessante observar e comparar o número de alunos atendidos com os números divulgados na época de construção e projeto da escola, quando se divulgava uma capacidade para atendimento de 1600 alunos por turno.


1980 - Primeira formatura
A primeira formatura ocorreu no mês de dezembro de 1980, tendo como patrono o Sr. Ingo Hering e paraninfo o próprio diretor da escola, Sr. Almerindo Brancher.
O jornal publicou nominata dos doze primeiros alunos que se formaram no curso Técnico em Contabilidade.
As solenidades aconteceram na biblioteca e no escritório modelo da escola e contou com a presença de diversas autoridades.
1981 - Exposição de Trabalhos e Cursos do CIS
A 1ª exposição dos trabalhos de alunos do CIS, contou com publicação de nota antecedendo o evento, no dia 05 de novembro de 1981, a fim de convidar a comunidade e divulgar os horários de visitação.
Segundo o diretor, a exposição tinha por finalidade demonstrar a capacidade de professores e alunos do CIS e aprimorar seus conhecimentos.


Formatura de 1981
No final do ano de 1981, a formatura dos cursos técnicos do CIS teve como paraninfo o governador Jorge Konder Bornhausen.
Duas edições do Jornal de Santa Catarina dedicaram espaço para noticiar o fato.
Com um total de 48 formandos nos cursos técnicos em Contabilidade, Eletrônica, Eletrotécnica e Mecânica, a formatura, que no ano anterior foi realizada na própria escola, foi realizada no Teatro Carlos Gomes, centro da cidade e contou com a participação de diversas autoridades.
1982 - Rumores de Mudanças no CIS
Com a aprovação da Lei Nº 7044 de 18 de outubro de 1982, decretou-se o fim da obrigatoriedade da formação profissionalizante no 2º Grau.
Após a nova Lei, em duas reuniões realizadas no CIS, foram citados estudos para mudanças na forma de atendimento e vínculo das escolas, como mostram os dois fragmentos de atas ao lado.
O primeiro, extraído da reunião de 27 de novembro e o segundo extraído da reunião de 22 de dezembro de 1982.


1983 – Criação do Conselho Comunitário
Em 1983, o Conselho Comunitário foi criado, com a justificativa de que o mesmo estava previsto no Regimento Escolar do CIS. Seus integrantes foram convidados pelo diretor geral para constituírem o Conselho.
Suas atividades iniciaram-se em 22 de fevereiro de 1983 e o grupo realizou apenas três reuniões, todas no ano de 1983, incluídas entre as três, a reunião de posse.
Foi este o órgão que discutiu a nova forma de atendimento do CIS a partir de 1984, quando a escola passou a receber alunos a partir da 1ª série do 2º Grau, atuando como escola independente.
1984: Nova Forma de Atendimento
A partir de 1984, o CIS teve seu modo de atendimento transformado e tornou-se uma escola independente, recebendo alunos a partir da 1ª série do 2º Grau, oferecendo todas as disciplinas do currículo, não apenas as disciplinas técnicas.
